Autor: Sebastião Alves de Oliveira.

Barbacena – MG- Escola Estadual Professor Soares Ferreira.
Estrutura Curricular.Modalidade/ Nível de Ensino: Ensino Médio
Componente Curricular: Filosofia
Tema: A liberdade.
Introdução:Esta aula foi preparada para ser utilizada na webquest. Os textos e as perguntas serão postados na Webquest para que os alunos possam acessá-los, com o objetivo de estimular a pesquisa.
Dados da AulaO que o aluno poderá aprender com esta aula:
1. Responder à questão "o que é liberdade?";
2. Associar os atos do livre-arbítrio com a liberdade;
3. Descrever e caracterizar o que é: liberdade, destino, determinismo, liberdade incondicional, livre-arbítrio, consciência e liberdade, a fenomenologia: a liberdade situada.
4. Conceituar com mais especificidade o que é liberdade a partir do pensamento filosófico;
Duração das atividades04 h./a
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno1. Leitura;
2. Compreensão;
3. Escrita;
4. Expressão oral;
5. Senso lógico.
Estratégias e recursos da aulaPortador de inteligência simbólica, o ser humano produz variados tipos de informações, conhecimentos e saberes, sempre visando a compreender-se a si mesmo no mundo e a melhor empreender ações para garantir a vida e alcançar sentido existencial.
Percurso realizado para discutir o conceito de liberdade.
1 O que é liberdade
Quando nos referimos ao conceito de liberdade, podemos fazê-lo a partir de diversas perspectivas. No sentido mais comum, uma pessoa livre è aquela que pensa e age por si própria, não é constrangida a fazer o que não deseja nem è escrava ou prisioneira. Mas podemos considerar liberdade em outros sentidos mais amplos, por exemplo, no âmbito da política, da economia, das leis, da sociedade, espaços específicos em que os indivíduos se relacionam entre si no exercício do poder, pos negócios, do direito, no convívio pessoal. Embora esses campos tenham suas características próprias, em todos eles perpassa a ideia de liberdade ética, que diz respeito ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia em relação a si mesmo e aos outros.
2 Determinismo
Para o determinismo científico, tudo que existe tem uma causa. O mundo explicado pelo princípio do determinismo é o mundo da necessidade, e não o da liberdade. Necessário significa tudo aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser. Nesse sentido, necessidade è o oposto de contingência, que significa “o que pode ser de um jeito ou de outro”. Exemplificando: se aqueço uma barra de ferro, ela se dilata: a dilatação é necessária, no sentido de que é um efeito inevitável, que não pode deixar de ocorrer. No entanto, é contingente que neste momento eu esteja usando roupa branca ou laranja.
No século XIX, o positivismo comteano considera a escolha livre uma mera ilusão. O filósofo Taine (1828-1893), um dos discípulos de Comte, tornou-se conhecido, sobretudo pelas leis da sociologia, segundo as quais toda vida humana social se explicaria por três fatores:
- a raça, a grande força biológica dos caracteres hereditários determinantes do comportamento do indivíduo.
- o meio, que submete o indivíduo aos fatores geográficos (como o clima, por exemplo), bem como ao ambiente sociocultural e às ocupações cotidianas da vida.
- o momento, pelo qual o indivíduo é fruto da época em que vive e se subordina a determinada maneira de pensar característica do seu tempo.
Partindo do pressuposto do determinismo, Taine considera que o ato humano não é livre, mas causado por esses fatores.
3 A liberdade incondicional e o livre-arbítrio
Contrapondo-se às concepções deterministas, outros enfatizam a liberdade humana absoluta, teoria pela qual temos a escolha de agir de uma forma ou de outra, independentemente das forças que nos constrangem. Segundo essa perspectiva, ser livre é decidir e agir como se quer sem determinação causal, seja exterior (ambiente em que se vive), seja interior (desejos, motivações psicológicas, caráter). Mesmo admitindo que tais forças existem, o ato livre pertenceria a uma esfera independente em que se perfaz a liberdade humana. Ser livre é, portanto, ser incausado.
Trata-se de uma antiga concepção, que remonta a Aristóteles, quando define o ato voluntário como “princípio de si mesmo”, de modo que tanto a virtude como o vício dependem da vontade do indivíduo. Na Ética a Nicômano, ele diz: “onde estamos em condições de dizer não, podemos também dizer sim. De forma que, se cumprir uma boa ação depende de nós, dependerá também de nós não cumprir uma ação má”.
Devemos, no entanto, fazer uma ressalva quando abordamos a questão da liberdade na Antiguidade. Segundo Hannah Arendt, naquele período a ideia de liberdade ainda estava restrita ao campo político e não dizia respeito ao âmbito da vida privada. Diz ela que Aristóteles, ao se referir à vida “boa”, trata-se da vida do cidadão que, não precisando se ocupar com os atos diários de sobrevivência – função de mulheres e escravos -, pode dedicar-se à atuação livre na Polis.
De fato, na Grécia Antiga, apenas no âmbito da Polis – e portanto da política – fala-se em liberdade, compartilhada entre os iguais. Ao contrário, a família é o “espaço da necessidade”, mergulhada na preocupação com a sua preservação. Além disso, na vida privada só há desiguais, porque o chefe de família, exerce um poder inquestionado sobre mulheres, crianças e escravos. Só que o chefe de família tem a possibilidade de se liberar das necessidades da vida e, em companhia de outros homens, inserir-se no espaço público por palavras e ações.
A noção de liberdade, como liberdade “interior”, relacionada apenas ao espaço público, só aparece como discussão teórica com os teólogos cristãos. Santo Agostinho é um dos primeiros a usar o conceito de livre-arbítrio, como “faculdade da razão e da vontade por meio da qual é escolhido o bem, mediante o auxílio da graça, e o mal, pela ausência dela”.
Santo Tomás de Aquino compartilha da aceitação do livre-arbítrio, como causa do próprio movimento por que o indivíduo determina a si mesmo a agir. Isso porque o ser humano age segundo o juízo, essa força cognitiva pela qual pode escolher entre direções opostas.
No século XVII, o teólogo francês Bossuet, na obra Tratado sobre o livre-arbítrio, diz o seguinte: “Por mais que eu procure em mim razão que me determina, mais sinto que eu não tenho nenhuma outra senão apenas a minha vontade: sinto aí claramente minha liberdade, que consiste unicamente em tal escolha. È isto que me faz compreender que sou feito à imagem de Deus”.
Deixando o campo das discussões teológicas, o filósofo racionalista Descartes também se ocupa com a questão do livre-arbítrio. Em uma das máximas de sua moral provisória, defende que o ser humano deva sempre procurar dominar a si mesmo, desejando apenas o que pode fazer. Mesmo que as paixões possam ser boas em si, cabe à razão averiguar como as utilizamos, a fim de dominá-las, já que a força das paixões está em iludir a alma com razões enganosas e inadequadas. Portanto, o intelecto tem prioridade sobre as paixões, na medida em que o melhor conhecimento delas é condição para que possamos controlá-las. (ARANHA; Martins, 2003. p. 318-319)
4. A liberdade em Espinosa
Segundo Marilena Chauí, para Espinosa “é isto a liberdade: reconhecer-se como causa eficiente interna dos apetites e imagens dos desejos e ideias, afastando a imagem ilusória das causas finais externas. (...) na servidão, os humanos são contrários a si mesmos e contrários uns aos outros, cada qual cobiçando como o maior de todos os bens a posse de um outro humano. (...) Em contrapartida, na ação e na liberdade, os humanos se descobrem como concordantes e, sobretudo, que sua força para existir e agir aumenta quando existem e agem em comum, de sorte que o bem supremo da vida afetiva e intelectual livre é justamente o que buscava o jovem Espinosa quando, na abertura do Tratado da correção do intelecto, escreveu: ‘um bem verdadeiro capaz de comunicar-se a todos” (CHAUI, 1995. p. 72).
5. A fenomenologia: a liberdade situada.
No século XX, diversos filósofos da corrente fenomenológica abordaram a questão da liberdade na tentativa de superar a antinomia de terminismo-liberdade. Para eles, a discussão sobre liberdade não se faz no plano teórico, segundo um conceito da liberdade abstrata, nem conforme uma concepção racionalista que privilegie apenas o trabalho da consciência, mas sim a partir da liberdade do sujeito encarnado, situado e como ser de relação.
4 ConclusãoSabemos que a vida moral só é possível como ação baseada na cooperação, na reciprocidade e no desenvolvimento da responsabilidade e do compromisso. Só assim torna-se viável a efetiva liberdade de cada um. Nesse sentido, o outro não é o limite da nossa liberdade, mas a condição para atingi-la.
Referências bibliográficasCHAUI, Marilena. Espinosa, uma filosofia da liberdade. São Paulo, Moderna, 1995. p. 72. (Coleção Logos)
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; Martins, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3 ed. Revista – São Paulo: Moderna, 2003.
Recursos Complementares. Textos correlatos de liberdade. Podem ser lidos paralelamente ao desenvolvimento da aula.
- A liberdade. In. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo, Martins Fontes, 1999. p. 608-609.
- Pensadores Brasileiros – A Filosofia da Liberdade. In:
http://pensadoresbrasileiros.home.comcast.net/~pensadoresbrasileiros/filosofia_liberdade.html
- Espinosa, uma filosofia da liberdade. In: http://pt.shvoong.com/humanities/philosophy/983971-espinosa-uma-filosofia-da-liberdade/
- Liberdade. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade
Filmes correlatos: Podem ser vistos, integralmente, em meio ao desenvolvimento da aula.
- A negação do Brasil – O negro na telenovela brasileira. (ver comentário);
- A filosofia da Liberdade In: www.youtube.com
- Filosofia: a liberdade In: www.youtube.com
Avaliação1. Responda o que é liberdade?
2. Associe os atos do livre-arbítrio com a liberdade;
3. Descreva e caracterize o que é: liberdade, determinismo, liberdade incondicional, livre-arbítrio, consciência e liberdade, a fenomenologia: a liberdade situada.
4. Conceitue com mais especificidade o que é liberdade a partir do pensamento filosófico.